Diante do inegável avanço que representa a realização da I CNA, muitas pessoas têm manifestado ressalvas quanto ao modo de condução do processo e quanto a hegemonia (eterna?) que determinadas regiões continuam a manter no cenário das políticas públicas de arquivos no Brasil. A conferência regional do Centro-oeste foi realizada em data concomitante com o XII Enancib, evento tradicional de mais de uma década e contou com baixa representatividade. Aliás, a representatividade é um dos pontos crucias para que consiga-se, de fato, transformar o "mapa" dos arquivos do Brasil. A "Carta de reflexões e propostas para a I Conferência Nacional de Arquivos" (disponível aqui) questiona ao menos dois aspectos "curiosos" na representação de delegados: há 02 delegados do sudeste para cada 01 do centro-oeste e a comissão organizadora dispõe de prerrogativa para "convidar" 30% dos delegados. Para quem não se lembra da época da Ditadura, quando o governo "indicava" 1/3 do Senado (os senadores "biônicos") vale destacar que a semelhança e a proporção são assustadoras. É mais assustador assistir ao silêncio das pessoas que rapidamente se mobilizaram contra a lotação do Arquivo Nacional no Ministério da Justiça e agora simplesmente, em nome de um mal menor, calam-se quanto aos delegados "biônicos".
O processo já foi deflagrado há muito, e não há nada efetivo que se possa fazer para mudar concretamente um desfecho previsível. Nada? Não custa tentar. Entre o conformismo alienado e o esforço democrático, fico sempre com a segunda opção. Foi o esforço "vão" pela democratização, pela Anistia, pelas Diretas Já, que garantiram que o Brasil se tornasse um estado democrático. Um estado democrático requer, como é sabido, uma política de arquivos transparente e representativa. Eu trabalho com arquivos e formo arquivistas na capital do país; não posso aceitar a ser subrepresentado e VOCÊ? ACEITA?
Não se trata de impedir a realização da CNA, porém de fazê-la de modo mais organizado, mais transparente e, sobretudo, mais representativo. Portanto, não deixe para amanhã e assine agora o abaixo assinado aqui. Lembre-se que restam poucos dias para a CNA. Ainda faltam pelo menos 980 assinaturas. A minha já está lá... E a sua? Aliás, não basta assinar a divulgação é fundamental também.
Para relembrar a posição deste blog quanto à certas posturas do Arquivo Nacional leia os posts abaixo:
- Ainda sobre a transferência (ou recolhimento? ou descarte?) do Arquivo Nacional - André Lopez, 09/01/2011;
- Memórias "(re)veladas" - Rodrigo Fortes, 07/09/2010;
- Personagem de famosa série de TV revela ser fã do Blog de Diplomática e Tipologia Documental - André Lopez, 03/09/2010;
- Será que o doutoramento é uma capacitação profissional desejável para os arquivistas? - André Lopez, 26/08/2010.
Só para não esquecer, porque depois não adianta mais se lamentar:
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André Lopez
O debate é muito necessário. Também assino.
ResponderExcluirO Brasil precisa cortar o cordão umbilical que ainda insiste com as mazelas do passado e, também, não podemos mais assistir bestializados a fragmentação do processo democrático .O famoso coronelismo e, principalmente, o famoso "Quem Indica -Q.I" devem ser banidos definitivamente da nossa sociedade.
ResponderExcluirÀs vezes, me pergunto se os problemas de cunho sócio político desencadeados no Brasil deve-se ao fato de sermos uma ex colônia Ibérica. No entanto, o problema não é esse, trata-se de uma política de boa vizinhaça sem levar em conta o profissionalismo, a ética, a competência profissional e a vontade de pepertuar a Democracia, que é a vontade da maioria e o respeito as minorias.
Por fim, deve existir o debate de forma pública, pois só assim iremos instigar o novo e persuadir o velho.
William Clebson P. Silva//
Eu já assinei. Agora vou divulgar no meu blog. Abraços!
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