12 dezembro 2011

Post do blog DTD é elogiado como "soberbo" e "especial"

Copiado de K I Media
O exercício democrático é, realmente, algo muito complexo. A aceitação de que outras pessoas possam ter pontos divergentes, na área da Arquivologia, parece ser algo muito complicado. O coordenador deste blog foi acusado de arrogância por conta de manifestar-se contra a forma com que a "representatividade" da comunidade da Arquivologia está sendo considerada na I Conferência Nacional de Arquivos (veja post aqui). Parece que não aceitar ser representado por delegados "biônicos" (na ordem de 30%) significaria solicitar "privilégios". Realmente, concordo parcialmente com a observação: no estado atual seria um verdadeiro privilégio participar de um processo democrático transparente e, efetivamente, representativo. 

Divulgo cópia de e-mail que recebi de uma colega, já que o ilustre missivista acovardou-se a escrever diretamente a mim. A cópia vai na íntegra, com supressão do nome, para que o debate não chegue ao nível pessoal, e se mantenha no plano da ideias:
Clique na imagem acima para ampliar
O crítico comentador revela estar bem conectado com os principais veículos de discussão da área, com o acompanhamento contínuo deste blog. Meu leitor não entende que é típico da democracia poder ser contrário a determinadas leis e, como consequência disto, ter a opinião respeitada nos debates sobre o tema, como exercício de contraditório. Infelizmente, entende que as opiniões aqui expressas encontram-se em uma situação de ostracismo. Ostracismo, para esclarecer ao inculto missivista, é um termo derivado da Grécia antiga, que representava o exílio de algum cidadão, cujas opiniões ameaçavam a estabilidade da democracia ateniense, cuja decisão vinha de votos computados por meio de peças de cerâmica no formato de ostras. 

Pois bem, pergunto eu: minhas opiniões ameaçam a democracia arquivística? Só porque tenho divergências quanto ao exercício profissional? Ou porque sou contra o exercício de representação biônica? Um blog que até o momento computa acessos em mais de 750 cidades, em 67 países com mais de 99 mil páginas visitadas (veja post aqui sobre artigo científico que analisa a importância deste blog na formação de arquivistas) pode ser considerado excluído pelo ostracismo? Ou será que nós todos que trabalhamos com arquivos na Região Centro-Oeste já estamos pré-condenados ao ostracismo por conta de a comissão organizadora da I CNARQ contar com 277% mais delegados "nomeados" do que os representantes eleitos daqui?

De qualquer modo, fica a pergunta: quem nos condena ao ostracismo?

Ainda é tempo de se manisfestar. As assinaturas na petição ainda são numericamente pouco representativas. Mas ainda é tempo: ASSINE AQUI! (ok, ok, ok, eu sei que é chato, tem que logar, criar conta e validar etc.; realmente, a democracia dá um trabalhão...).

Como inspriação vai uma frase de Martin Luther King:
"O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética...
 O que me preocupa é o silêncio dos bons."

E você? Vai continuar em silêncio?

14 comentários:

  1. Assinado. Ostracismo foi uma palavra muito bem escolhida pelo autor do email (ainda mais após Lopez nos apresentar no texto acima seu real significado contextualizado) para ilustrar nossos prezados comandantes que chamam de democracia esse grande nepotismo ideológico dentro de nossa classe.

    ResponderExcluir
  2. Sou a favor de que realize as atribuições da profissão de arquivista seja o graduado em arquivologia. O Professor André discorda disso? Como pode? Pode porque vivemos em uma democracia na qual a liberdade de opinião é uma grande conquista. A Constituição e a lei garante a ele e a todos esse direito.
    O que eu sinto muito é a letra de algumas leis ser morta. E ter que ver alguns estagiários em arquivologia e arquivistas lutarem para explicar que não são técnicos em arquivologia e tentar realizar as atribuições próprias de sua formação.
    Quanto ao cerne do post cabe a todos nós a reflexão e a decisão de assinar ou não.

    Flávia Ataide.

    ResponderExcluir
  3. Retificação: "a Constituição e a lei garantem"

    Flávia Ataide.

    ResponderExcluir
  4. Flávia,

    Concordo com a essência de seu comment, no que tange à necessidade de debate para a consolidação de uma sociedade democrática.

    Faço apenas uma retificação no que tange à minha posição quanto ao exercício profissional, para que não se passe a impressão que que sou contrário ao graduado em Arquivologia exercer atividades profissionais de arquivo. Muito pelo contrário, senão não me empenharia em formá-los.

    Compartilho de sua indignação quanto ao péssimo hábito que muitos órgãos públicos têm ao contratarem estagiários ao invés de profissionais graduados.

    O tema desse post é a questão da representatividade. Sugiro que, após baixada a poeira da ICNARQ, você retome o debate sobre a questão do exercício profissional com um post específico.

    Agradeço pela contribuição ao debate :)

    ResponderExcluir
  5. O pior de tudo é que muitos dos representantes que estão lá nem são arquivistas, são aqueles que dormiram agentes administrativos e por força de uma lei do então presidente Collor passaram a se chamar arquivistas e trabalham no empirismo, que não conhecem as bases da Arquivologia.

    ResponderExcluir
  6. Quanto a representatividade, além da forma de escolha desses delegados, que segundo o texto do site Petiçõesonline, algumas das 36 foram distribuídas aos vinculados a organização do evento e 84 distribuída regional e desporcionalmente, o mais grave de tudo, ao meu modo de ver, é a falta de participação dos agentes que garantem a efetividade de direitos a cidadania, informação, transparência. Se a participação desses representantes fosse levada em consideração, talvez o debate seria estendido a sociedade de maneira mais clara e exaustiva.

    ResponderExcluir
  7. Realmente é preocupante como algumas opiniões são emitidas de modo anônimo, sobretudo as convergentes com o ponto de vista defendido aqui. Deduzo que o temor de represálias seja alto e, infelizmente, justificado...

    Felizmente aqui há espaço para todas as opiniões.

    ResponderExcluir
  8. Represálias por ter opinião divergente de uma representatividade cuja legitimidade é questionável.... Acho que já li sobre isso.

    ResponderExcluir
  9. O mais legal deve ser poder contentar-se com as migalhas... Olhem só que texto comovente que circulou em uma lista de discussão.

    Dec 12 04:18PM
    Caro XXXX XXXX
    Estou muito feliz por ter sido selecionada como observadora na I CNARQ. Como só agora tomei conhecimento, espero conseguir passagens e diárias em tempo hábil para poder participar.
    Obrigada pela cuidado e atenção em fazer a divulgação


    Não é lindo e tocante? Uma arquivista que acabou de ser "selecionada" pela plenipotenciária comissão de organização para ser "observadora" do evento mais democrático e transparente dos últimos tempos. Para que a felicidade fosse completa só faltou um autógrafo do Justin Bieber! Quem sabe ele não estará no assento do avião ao lado dela.

    ResponderExcluir
  10. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  11. Eu também concordo que os critérios de "seleção" para a escolha dos delegados e observadores foram "obscuros", assim como os arquivos brasileiros, que deveriam ser Transparentes! acho que esse hábito está no sangue!
    Só espero que as propostas encaminhadas pelos GT's não sejam obscuras!!

    ResponderExcluir
  12. Elayne Ortolan Altoé (ES)14 de dez. de 2011, 02:52:00

    Eu também concordo que os critérios de "seleção" para a escolha dos delegados e observadores foram "obscuros", assim como os arquivos brasileiros, que deveriam ser Transparentes! acho que esse hábito está no sangue!
    Só espero que as propostas encaminhadas pelos GT's não sejam obscuras!!
    "Rumo a consolidação da Política Nacional de Arquivos"

    ResponderExcluir
  13. Todas a ideis devem ser ouvidas e debatidas. Transparência e coesão na categoria são bem vindos. Uma vez que se fala em ostracismo, toda categoria profissional estará condenada ao ostracismo. Não podemos nos fechar ao debate ou às nossas ideias apenas.
    Toda divergencia é bem vinda à medida em que enriquece o debate.

    ResponderExcluir
  14. Concordo com vc, Ana. Infelizmente, o que menos tenho visto é debate. Não há debate sobre a legislação profissional; não há debate aberto sobre a conferência; não houve sequer transmissão full time dela :(

    ResponderExcluir

clique para comentar