30 abril 2010

Cuidado! Não é um cachimbo.


Vocês achavam que iríamos passar ao largo dessa discussão, né? Lógico que não. Estamos antenados, apurando os fatos para apresentar um posicionamento mais seguro acerca da nota que a SECOM/UnB (Eis a fonte!) divulgou sobre a pesquisa defendida, no próprio CID, pela arquivista Flávia Oliveira. A pesquisa chama atenção para a desatualização do currículo profissional do curso de arquivologia diante das demandas do mercado de trabalho. O percurso metodológico da dissertação contrapõe as disciplinas obrigatórias do currículo com as habilidades requeridas pelos editais de concurso público.

Os principais motivos para o quadro de desatualização apresentado pela dissertação são os seguintes:

- O descompasso entre as tecnologias de informação e a habilidade dos profissionais de arquivo em manejá-las; Cabe aqui destacar que, pelo menos nesse quesito, esse blog vem sendo muito bem utilizado como ferramenta de aprendizagem pelos nossos alunos;

- Desatualização da grade curricular do curso, adotada em 1974.

Esses fatores acarretam na insatisfação dos empregadores para com os recém-egressos do curso de Arquivologia, principalmente pela falta de reflexão durante o período de universidade. Isso denota na incapacidade de elaboração de planos de classificação e tabelas de temporalidade documental por parte dos arquivistas que se aventuram no mercado. Ao que parece, o principal entrave é a dificuldade de aplicação prática dos princípios teóricos aprendidos durante a vida universitária.

Contudo, cabe questionar o verdadeiro papel de uma universidade pública, e até mesmo do profissional de arquivo. Pra que serve uma universidade? As nossas habilidades devem ser subjugadas aos editais de concurso público? Além disso, exercemos com plenitude estas funções após a investidura no cargo? Arquivistas para quê? A coordenadora do curso, Cynthia, ressalta que o ensino universitário não deve ficar à mercê dos ditames do mercado. A própria pesquisadora, Flávia Oliveira, afirma que o interesse particular dos alunos em "passar em concursos públicos acaba tomando o lugar da reflexão sobre a realidade do ofício".

Mas agora vamos aos fatos. O making off do filme revela outra cena. Segue resposta redigida pela própria pesquisadora, retificando os pontos da matéria que não condizem com os resultados apresentados pela pesquisa.

Caro (--------) ,

Gostaria de fazer algumas considerações sobre a matéria elaborada por você e publicada hoje sobre a minha dissertação e sobre o curso de Arquivologia. Acredito que algumas informações obtidas por meio da dissertação e de entrevistas foram mal interpretadas e outras estão realmente equivocadas.

Destaco 3 pontos que merecem uma retificação:


1º: Ponto: “Não bastasse isso, o currículo adotado pela UnB para a formação de arquivistas está defasado em 26 anos”


O currículo sofreu acréscimos de algumas disciplinas durante o funcionamento do curso. De acordo com o quadro 1, apresentado na página 20, foi acrescentada a disciplina: Introdução a Microinformática e foram modificadas as disciplinas: Contabilidade Geral foi substituída por Sistemas Contábeis Aplicados à Arquivologia, Análise Documentária foi substituída por Análise da Informação,


2º: Ponto: “A pesquisadora não apenas identificou as quatro atividades exigidas pelos empregadores que não são contempladas no curso da UnB, como constatou que elas estão entre as mais procuradas pelo mercado de trabalho. Para chegar a essa conclusão, Flávia criou um ranking das tarefas mais cobradas. Fez isso a partir de um comparativo entre as 33 disciplinas obrigatórias e optativas oferecidas no curso e as 38 habilidades relacionadas nos editais de concursos públicos, a principal fonte de contratação de arquivistas”


Na comparação entre a estrutura curricular e as habilidades demandadas sobre o curso, foram identificadas quatro atividades que não são abordadas. Quatro entre 38 é uma porcentagem pequena e o capítulo 3.2 conclui que: “Contudo, se das 38 atividades identificadas nos editais de concurso público somente essas quatro não fazem parte das ementas disciplinares e dos planos de ensino do curso de Arquivologia, infere-se, que o currículo do curso de Arquivologia aborda a maioria dos conteúdos relacionados como necessários para o desenvolvimento das atividades arquivísticas no mercado de trabalho.” (p.94) Desse modo, a interpretação que vc utilizou na matéria não está de acordo com as conclusões da pesquisa.

3º: Ponto: “a pesquisa de Flávia aponta que a porcentagem de desligamentos do curso está entre as maiores da UnB. Chegou a uma média de 22,02% entre 1998 e 2002”


Dissertação: Estatísticas de Desligamento – páginas 55 à 61.
A FA (Faculdade de Estudos Sociais Aplicados), que hoje é a FACE, apresentou os maiores índices de desligamento no período observado (p.58) No entanto, esses números são mais altos nos cursos de Administração e Contabilidade. Os cursos de Arquivologia e Biblioteconomia apresentaram números baixos. (p.60) O cursos de Arquivologia apresentou um dos MENORES ÍNDICES DE DESLIGAMENTO da Unb. O índice médio do curso de Arquivologia foi de 3.01%, enquanto o menor entre as outras faculdades foi de 1,07% e o maior 11,3%. (p.60)

Sendo assim, o último parágrafo sobre o “abandono” do curso deveria ser retirado do site com urgência.


Solicito, portanto, uma retificação na matéria que, da forma que foi apresentada, somente desqualifica o curso de Arquivologia e não contribui para a melhoria do ensino universitário. Os diversos pontos positivos apresentados na dissertação, tais como, o crescimento da procura pelo curso, a redução da porcentagem de abandono e o aumento da procura pelo profissional no mercado de trabalho, não foram considerados na matéria.


O que nos resta é dizer: Não é um cachimbo. Não precisa colar o nariz na tela. É só uma imagem. E daí? O que você acha? Está sendo bem preparado? Dê o seu pitaco aqui e responda a enquete ao lado.


8 comentários:

  1. lokura isso ai. e ai vai ficar assim? queima filme geral!

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  2. fatos distorcidos e informações enviesadas/tendenciosas/modificadas?

    ah gente, nome disso pra mim é "jornalismo"

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  3. Olá!
    Acho necessária uma retificação da matéria também. Isso me fez pensar como uma frase fora do contexto pode se tornar perigosa. A pessoa responsável pela matéria distorceu os dados da pesquisa, trocou "alhos por bugalhos”. Isso é muito grave!
    É necessária uma retratação, apesar de que o estrago já tenha sido feito... principalmente no que diz respeito à formação do arquivista e sua valorização pelo mercado de trabalho.
    Na aula de Introdução à Comunicação, lembro da professora falar que no jornalismo nada era dito por acaso, e que tudo tem uma intencionalidade. Assim, fica uma pergunta: qual foi o propósito desse "ser" escrevendo uma matéria dessa?Estou sendo ingênua ao perguntar isso?

    Abraço!

    Obs:o blog está muito bacana! :)

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  4. Olá, meu nome é Priscila Zelo, sou aluna do curso de Arquivologia da UEPB E UFPB e quero acredecer ao meterial riquissimo que vcs sederam e sedem neste saite.Eu não conhecia este meio de informação. E já tratei de divulgar. A Arquivista Gabriela Garcia foi quem me apresentou, uma mulher riquissima de conhecimentos arquivísticos que ama a profissão que escolheu e faz isso com muito respeito.Quero ser assim quando crescer1 kkkk!Somos um curso novo, é claro, mais eu tenho a certeza de que iniciativas como essa divulgam ainda mais este mundo maravilhoso que é os arquivos e mostrar relamente quem somos e para que vinhemos. Sabemos que não é fácil, confusões e distorções iram surgir sempre, temos como prova este mal entendo no trabalho da nossa amiga. O que temos que fazer, é agir diplompaticamente e responder a altura das provocações. Estou aqui para prestar a minha colaboação. E dizer que visto a camisa da ARQUIVOLOGIA com muito amor e dedicação e bato no peito dizendo SOU UMA ARQUIVISTA.

    Inté!

    Um xero bem garnde a todos vcs!!!!!!!

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  5. Que legal a sua participação aqui Priscila. É como a gente fala: esse trabalho vai por "mares nunca d'antes navegados!". E nesse "mar da web" é importante saber que alguém dessa terra maravilhosa (Paraíba) está "surfando" nas ondas deste blog . Tivemos a oportunidade de conhecer um pouco do curso e dos professores (Enancib). E ficou clara a força de vontade e o esforço da equipe de professores e dos alunos em fazer um projeto de curso promissor e aberto a muitas discussões. Esperamos que continue "pegando a nossa onda". Volte sempre, dando voz à Paraíba por aqui. Outro "xero" a esse local maravilhoso.

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  6. Olá!
    Bom dia a todos e a todas.
    Obrigada Rodrigo Fortes pelo convite, estou seguindo vocês e concerteza quero navegar por este mar, desbravando o mundo que é a ARQUIVOLOGIA. A troca de conhecimento ultrapassa as barreiras, uma prova disto é essa troca de informação que estamos fazendo, provando que tem como idealizarmos uma Arquivologia una, adaptando-se, claro as suas necessidades. Mais isso é outro assunto. "Pegar esta onda" vai ser um prazer, uma emoção. A Paraíba estar de portas abertas e receberar você e toda a sua equipes com maior carinho. Estamos engatinhando, mais chegaremos lá. Vamos ser eterno aprendizes, um ensina ao outro. Vamos movimentar e mostrar do que o nosso curso é feito e o quanto ele é rico.

    Eternos Xeros Arquivísticos!

    Priscila Zelo
    Futura Arquivísta

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  7. Estava aqui relendo textos... Estava presente no evento I Reunião Brasileira de Ensino e Pesquisa em Arquivologia. Vieram professores dos demais cursos do Brasil mostrar seu currículo e pude perceber a grande diversidade em cada estado. O currículo da UnB não é tão ruim, mas podia melhorar e muito. Se não me engano, a Faculdade já está se mobilizando para isso, o que já é um bom começo! ;)

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  8. Olá eu sou Patricio da turma 2007.1 uepb sou amante da filosofia da Arquivologia, gostaria de dizer que existem muitas doxas em relação a Arquivologia. No entanto é apartir da percepção sensível que chegamos as razões do ser da Disciplina.

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