O tempo passa e nossa forma de registrar isso se dá pela contagem dos dias e de seus conjuntos: anos, décadas, séculos, eras etc. Conforme vamos vivendo algumas coisas são registradas e uma pequena parte é guardada e desses registros uma parte é arquivada. O documento e os arquivos guardam uma relação íntima com o tempo que passa, mas não podem ser confundidos com o próprio tempo. Documentos podem ser arquivados, o tempo não. Aos documentos podemos atribuir, conforme sua vigência e uso, fases, ou idades. O tempo se divide em fases e épocas também, mas isso não tem relação alguma com o uso e a vigência, posto que, de um modo ou de outro, o tempo sempre nos influencia.
Já imaginaram se pudéssemos simplesmente descartar este ou aquele dia ruim, ou perpetuar este ou aquele momento de júbilo? De algum modo tentamos fazer isso com registros, mas nunca com o tempo. Assim, se nesse final de ano, algum engraçadinho, metido à arquivista, lhe disser algo do tipo "chegou a hora de arquivar 2010", desconfie do trocadilho e de quem o faz. Provavelmente se trata de uma pessoa com pouca formação em Arquivologia, capaz de confundir ordenação com classificação e capaz de criar fundos diferentes para uma mesma organização, conforme as diferentes gestões. Nós não arquivamos nossa infância, adolescência etc. apenas continuamos a vivê-las como pessoas mais amadurecidas.
A passagem de ano é um momento simbólico, no qual tentamos recomeçar várias coisas, mas que também, dada a inexorabilidade do tempo, amadurecemos e melhoramos outras.
Não arquive 2010!
Continue a vivê-lo, intensamente em 2011, 12, 13, 14, 15 .... etc.
Gostei!
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